16 de outubro de 2003

ONDE HÁ FUMO HÁ FUMO
Deus sabe que eu tenho tentado evitar esta discussão. E continuo na melhor disposição para não incomodar as consciências anestesiadas. Contudo, o post de um dos nossos visitantes, JCB, defensor do direito a fumar onde apetecer e os outros que se mudem, merece um pequeno comentário:

"Pois, e o fumeiro parece que também faz mal; os enchidos deveriam vir acompanhados de avisos tipo «o abuso do chouriço dá-lhe cabo do toutiço». E o vinho alentejano com letreiros da base ao gargalo, do tipo: «Se beber não borba». E os colchões do leito conjugal: «aproveite hoje para dar uma, que se conduz provavelmemente amanhã não dá nenhuma». E, claro, devia haver multas para os pais que comessem chocolates ou brigadeiros à frente dos filhos ou que, diante deles, lessem livros da Margarida com ar circunspecto"

Caro Jcb, toda a razão. Também concordo que todas as situações indicadas mereceriam letreiros. Já multas não concordo. Porquê? Porque o fumo não partilha da sua inteligência. Isto é, ele não pode ser ensinado a permanecer a menos de 5 centímetros do corpo do fumador. Onde não possa aspirar a entrar para os pulmões de outra pessoa.
Na verdade, se as tabaqueiras conseguirem criar fumo domesticado, eu serei o primeiro a defender o fumo nos restaurantes, nas salas de espectáculo, nos hospitais e onde aprouver a cada um. Até lá, teremos que tomar medidas mais restrictivas.
Num outro blog, alguém contava que tinha fumado 4 ou 5 cigarros durante um jantar em que um não-fumador (um miserável anti-tabagista radical), protestava contra o fumo. Foi uma espécie de statement, no seu entender. No meu, foi apenas uma criancice, que os administradores da Tabaqueira e da Ph. Morris aplaudirão com cinismo.
Não tenciono travar aqui, batalhas sobre esta questão. A causa do tabaco estará perdida em Portugal dentro de um ou dois anos. Ou não fôssemos nós uns imitadores de tudo o que se faz "lá fora". Compreendo o incómodo e a ansiedade que a ameaça de privação desta droga possa trazer. Mas, não nos falem em "perda de direitos". Eu é que perco os meus direitos quando não posso ir a um café com o meu pai que sofre de problemas respiratórios. O resto é uma baforada de enganos...

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